“No basquetebol, (ou no futebol, etc,) é o passe, o drible, o fetiche do lançamento na passada em situações descontextualizadas, passando depois para a aplicação do cinco contra cinco tudo a monte sem que o professor faça mais do que gerir as regras básicas do jogo e sem saber muito bem quando, por onde e porquê intervir. E em turmas que podem ir a 28, às vezes só num campo a tentação de cair nesta solução é fácil. E isto repete-se ano após ano, e os eternos aprendizes às vezes até regridem do 7º para o nono. Porque é que isto acontece?”
Corroboro este comentário do Henrique e insisto na sua questão: Por que é que isto acontece?
E se é isto que acontece, e acontecerá certamente em muitas escolas, não se vislumbrando qualquer perspectiva de ser alterado o quadro em que se desenvolve a EF [é verdade, o autismo político na área desportiva tem desconsiderado os “velhinhos” autores de referência], então há que redefinir finalidades, objectivos, conteúdos e estratégias de intervenção.
O pior que poderia acontecer à “nossa” área disciplinar seria, a meu ver, tornar-se prescindível no sistema educativo.
terça-feira, julho 05, 2005
segunda-feira, junho 27, 2005
O desporto e a resiliência escolar
“Resiliência escolar é a capacidade do indivíduo ficar na Escola, apesar dum conjunto de características dos subsistemas (o próprio indivíduo; a família; a escola; o meio envolvente) que motivariam para o abandono escolar. Explica-se também pela interacção positiva que se estabelece entre os mesmos subsistemas, muitas vezes por intervenção externa de natureza preventiva”1 . Sendo certo que o problema do abandono escolar é multifacetado, as iniciativas profilácticas serão sempre mais eficazes quanto maiores forem as sinergias desencadeadas.
Reconhecemos a existência de inúmeros constrangimentos que limitam a acção das escolas nesta matéria: Um espartilho legal excessivamente rígido, reduzidas expectativas dos alunos e famílias, docentes desencorajados pela intensificação do trabalho, órgãos de gestão pressionados pela escassez do tempo relativamente ao ritmo das mudanças. Determinados pela vontade de colaborar, intervir e querer alterar as circunstâncias, o núcleo do desporto escolar avança com uma proposta que visa integrar os alunos na escola e apoiar o seu desenvolvimento integral. O desporto escolar apresenta-se como um instrumento para cumprir este grande desiderato que é a resiliência escolar.
O desporto escolar é uma actividade livre. Os alunos acedem ao desporto escolar porque vêem nele algo de positivo. Mas nem sempre a oferta desportiva na escola encontra eco na mobilização dos alunos e nessas circunstâncias, caberá à escola (o desporto escolar terá de ser um projecto de escola) rever e reformular as suas propostas. Quando a adesão dos alunos é elevada não restará outra alternativa. Há que procurar facultar as condições físicas e humanas para responder às necessidades de prática dos alunos e não ceder aos obstáculos de natureza administrativa.
Sem propostas inovadoras e medidas concretas, o risco de ficarmos enlaçados numa retórica iníqua é elevado. O abandono escolar precoce não espera pelas vagarosas decisões governamentais. Caberá à escola encontrar a(s) forma(s) mais apropriada(s) para resolver os problemas escolares dos alunos escolhendo o acto educativo como a oportunidade da escola intervir no processo de formação do aluno. Sempre que o aluno se distancia das actividades lectivas, ou extra-lectivas, inviabiliza o acto educativo. E é nesta medida que nos damos conta do potencial das actividades extra-lectivas, nomeadamente, das iniciativas do desporto escolar. As actividades intra-muros têm merecido uma participação alargada dos alunos constatando-se, também, a adesão alargada dos alunos com maiores dificuldades de integração na escola. E que casos são estes?
A detecção dos casos mais graves de integração, comportamentos desviantes e absentismo escolar pode ser realizada, numa primeira fase, pelos professores de Educação Física que leccionam as turmas do 3º ciclo e, numa fase posterior, pelo presidente do Conselho Executivo após analisar, juntamente com a sua equipa de trabalho, os relatórios dos directores de turma e dos serviços de orientação escolar. Obviamente que esta dinâmica de trabalho não serve de padrão porque depende de uma teia de lideranças muito próprias de cada escola. Deixemos que cada escola encontre a melhor forma de detectar os alunos em risco de abandono. E que alunos são estes?
São alunos cujas regras de comportamento se afastam do modelo de formato único, convencional, desejado pela instituição escolar. São alunos que precisam de aprender como se respeita o outro. São alunos que precisam de ser apreciados, estimados, ajudados. São alunos que, normalmente, são afastados das organizações desportivas porque atraem problemas, desacatos e desordem. São alunos que nem sempre aguardam pela segunda oportunidade.
É neste contexto que emerge a seguinte questão:
Como quantificar e qualificar a prática desportiva? E para quê?
1 Ministério da Educação/Ministério da Segurança Social e do Trabalho – Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar. Documento síntese, p. 5, Março de 2004.
Reconhecemos a existência de inúmeros constrangimentos que limitam a acção das escolas nesta matéria: Um espartilho legal excessivamente rígido, reduzidas expectativas dos alunos e famílias, docentes desencorajados pela intensificação do trabalho, órgãos de gestão pressionados pela escassez do tempo relativamente ao ritmo das mudanças. Determinados pela vontade de colaborar, intervir e querer alterar as circunstâncias, o núcleo do desporto escolar avança com uma proposta que visa integrar os alunos na escola e apoiar o seu desenvolvimento integral. O desporto escolar apresenta-se como um instrumento para cumprir este grande desiderato que é a resiliência escolar.
O desporto escolar é uma actividade livre. Os alunos acedem ao desporto escolar porque vêem nele algo de positivo. Mas nem sempre a oferta desportiva na escola encontra eco na mobilização dos alunos e nessas circunstâncias, caberá à escola (o desporto escolar terá de ser um projecto de escola) rever e reformular as suas propostas. Quando a adesão dos alunos é elevada não restará outra alternativa. Há que procurar facultar as condições físicas e humanas para responder às necessidades de prática dos alunos e não ceder aos obstáculos de natureza administrativa.
Sem propostas inovadoras e medidas concretas, o risco de ficarmos enlaçados numa retórica iníqua é elevado. O abandono escolar precoce não espera pelas vagarosas decisões governamentais. Caberá à escola encontrar a(s) forma(s) mais apropriada(s) para resolver os problemas escolares dos alunos escolhendo o acto educativo como a oportunidade da escola intervir no processo de formação do aluno. Sempre que o aluno se distancia das actividades lectivas, ou extra-lectivas, inviabiliza o acto educativo. E é nesta medida que nos damos conta do potencial das actividades extra-lectivas, nomeadamente, das iniciativas do desporto escolar. As actividades intra-muros têm merecido uma participação alargada dos alunos constatando-se, também, a adesão alargada dos alunos com maiores dificuldades de integração na escola. E que casos são estes?
A detecção dos casos mais graves de integração, comportamentos desviantes e absentismo escolar pode ser realizada, numa primeira fase, pelos professores de Educação Física que leccionam as turmas do 3º ciclo e, numa fase posterior, pelo presidente do Conselho Executivo após analisar, juntamente com a sua equipa de trabalho, os relatórios dos directores de turma e dos serviços de orientação escolar. Obviamente que esta dinâmica de trabalho não serve de padrão porque depende de uma teia de lideranças muito próprias de cada escola. Deixemos que cada escola encontre a melhor forma de detectar os alunos em risco de abandono. E que alunos são estes?
São alunos cujas regras de comportamento se afastam do modelo de formato único, convencional, desejado pela instituição escolar. São alunos que precisam de aprender como se respeita o outro. São alunos que precisam de ser apreciados, estimados, ajudados. São alunos que, normalmente, são afastados das organizações desportivas porque atraem problemas, desacatos e desordem. São alunos que nem sempre aguardam pela segunda oportunidade.
É neste contexto que emerge a seguinte questão:
Como quantificar e qualificar a prática desportiva? E para quê?
1 Ministério da Educação/Ministério da Segurança Social e do Trabalho – Plano Nacional de Prevenção do Abandono Escolar. Documento síntese, p. 5, Março de 2004.
sábado, junho 25, 2005
Desporto escolar no 1º ciclo…
Relativamente ao 1º ciclo e entre as medidas anunciadas pela Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues conta-se a seguinte:
“… será alargado o horário de funcionamento das escolas do 1.º ciclo até às 17.30, permitindo aos alunos beneficiar de actividades extracurriculares como o estudo acompanhado, o inglês ou o desporto escolar. Trata-se de tirar pleno partido dos recursos humanos e das infra-estruturas disponíveis na rede de escolas públicas, proporcionando melhores condições de integração dos alunos. Esta acção será implementada em colaboração com as autarquias, a quem compete a gestão não curricular das escolas do 1.º ciclo, em articulação com os pais. Na verdade, existem já autarquias em que as escolas do 1.º ciclo funcionam com horário alargado, proporcionando as referidas actividades extracurriculares. Esta boa prática deverá, portanto, ser generalizada.”
In http://www.sepleu.pt/index2.htm
Ao ler esta medida surgiram-me uma série de questões. Não conheço o que se passa na generalidade das escolas do 1º ciclo mas do pouco que conheço a Educação Física é praticamente inexistente.
Fará sentido implementar o Desporto Escolar quando as crianças não têm uma prática regular e sistemática de Educação Física?
Que actividades extracurriculares são, presentemente, proporcionadas pelas autarquias aos alunos do 1º ciclo?
Que recursos humanos existem nas autarquias do nosso país que garantam uma correcta e adequada intervenção, ao nível do Desporto Escolar, junto das crianças do 1º ciclo? São profissionais com formação a este nível?
Muitas outras questões poderiam ser colocadas…
Será que me podem ajudar a conhecer o que de facto se passa nas nossas escolas do 1º ciclo?
sexta-feira, junho 17, 2005
Educação Física
[[Partilho convosco esta carta aberta ao director da Página da Educação. Se pretenderem passear pelo jornal bastará carregar aqui.]
"Ao director de a Página
Caro Colega
Sou professor de Educação Física há cerca de 12 anos. Queria comentar um tema constantemente subvalorizado e que diz respeito à minha área profissional, a Educação Física. Isto numa altura em que se fala muito da importância do Desporto Escolar quando este só faz sentido se a disciplina de Educação Física contiver os pressupostos fundamentais para o seu sucesso o que não se verifica. É bom lembrar que o Desporto Escolar e a disciplina de Educação Física ocupam o mesmo espaço físico.
Parto do princípio que a Educação Física é a essência do desporto nas escolas e quando esta não atinge os objectivos, não adianta, melhor, só prejudica, apostar no complemento que é o Desporto Escolar. Valorizar esta área quando a principal é subaproveitada é inverter os valores, tentando-se transmitir uma falsa imagem de qualidade e modernidade.
Uma outra realidade é o crescente aumento dos precoces problemas de saúde nos nossos jovens como os diabetes, a obesidade, o tabagismo, o álcool entre outros. E que soluções preconizam? Apostam no Desporto Escolar que abrange numa perspectiva optimista, 15% da comunidade escolar em vez de valorizar a disciplina de Educação Física que abrange quase 100% da comunidade escolar.
Fica bem e é bonito desenvolver o Desporto Escolar, mas não contribui para a melhoria do nível de desenvolvimento e crescimento saudável dos jovens.
Estou convencido que na maioria dos governos que tivemos desde que existe a democracia — mais para trás não posso avaliar — que sempre se olhou para a Educação Física como uma disciplina mais de lazer do que uma disciplina curricular na sua verdadeira acepção da palavra. Estou convencido que essa atitude pegou de estaca na maioria das nossas escolas, com culpas de todos nessa situação.
É uma realidade que pode ser facilmente transformada e que passo a explicar. Na maioria das aulas, num mesmo pavilhão, elas decorrem com a presença de três turmas em simultâneo. Isto perfaz, numa perspectiva optimista, 60 alunos em simultâneo no ginásio!
É fácil concluir quais são as condições para se desenvolver uma aula minimamente credível e útil para os jovens, ou seja, muito limitadas. Que esforço físico faz o aluno de forma adequada nestas condições? Que planeamento é possível fazer por parte do docente nestas condições? Que estrutura prática-motora adequada é possível fazer nestas condições? Quantas calorias gasta um aluno numa aula nestas condições? O que aprende um aluno nestas condições? Que motivação tem este aluno nestas condições ?
Todavia, numa análise cuidada à realidade das escolas é fácil concluir que é possível — e isto é muito importante — a realização das aulas com apenas duas turmas presentes em simultâneo num ginásio, ou pavilhão e isso faz toda a diferença, quer para os alunos, quer para os professores.
Para isso basta que os horários sejam feitos tendo em conta esta situação. Se na elaboração dos horários tivermos em conta estas realidades, se fizerem os horários tendo em conta os interesses dos alunos, é perfeitamente possível fazer os horários de forma a estarem apenas duas turmas em simultâneo num pavilhão e, repito isso faz a diferença.
Se os horários forem bem elaborados ainda sobram horas para o Desporto Escolar. Repito: É URGENTE RECTIFICAR OS HORÁRIOS.
Numa sociedade como a nossa cada vez mais sedentária, invadida por divertimentos e passatempos tecnológicos que convidam ao imobilismo físico, continuar a olhar para a Educação Física como uma disciplina de segunda importância é um erro crasso que um dia a Saúde Pública das novas gerações se encarregará de mostrar.
Cordiais cumprimentos
Sérgio Cunha Machado Augusto
Professor de Educação Física. Leitor do jornal a Página da Educação."
O colega Sérgio fomenta uma discussão antiga que teima em manter-se actual: a relação entre as dimensões lectiva e extra-lectiva; a relação entre a educação física e o desporto escolar. Levanta também um conjunto de questões igualmente relevantes acerca das condições da prática. Mas a questão central que importa esclarecer [ainda numa lógica de aferir as bases em que deixamos assentar as nossas crenças] é a seguinte:
Será que existe um risco manifesto do poder central subverter [por constrangimentos vários] a ordem valorativa da Educação Física e do Desporto Escolar?
PS: Peço desculpa aos colegas do grupo de discussão por me afastar do tema que motivou este blogue. Voltarei ao assunto principal brevemente.
"Ao director de a Página
Caro Colega
Sou professor de Educação Física há cerca de 12 anos. Queria comentar um tema constantemente subvalorizado e que diz respeito à minha área profissional, a Educação Física. Isto numa altura em que se fala muito da importância do Desporto Escolar quando este só faz sentido se a disciplina de Educação Física contiver os pressupostos fundamentais para o seu sucesso o que não se verifica. É bom lembrar que o Desporto Escolar e a disciplina de Educação Física ocupam o mesmo espaço físico.
Parto do princípio que a Educação Física é a essência do desporto nas escolas e quando esta não atinge os objectivos, não adianta, melhor, só prejudica, apostar no complemento que é o Desporto Escolar. Valorizar esta área quando a principal é subaproveitada é inverter os valores, tentando-se transmitir uma falsa imagem de qualidade e modernidade.
Uma outra realidade é o crescente aumento dos precoces problemas de saúde nos nossos jovens como os diabetes, a obesidade, o tabagismo, o álcool entre outros. E que soluções preconizam? Apostam no Desporto Escolar que abrange numa perspectiva optimista, 15% da comunidade escolar em vez de valorizar a disciplina de Educação Física que abrange quase 100% da comunidade escolar.
Fica bem e é bonito desenvolver o Desporto Escolar, mas não contribui para a melhoria do nível de desenvolvimento e crescimento saudável dos jovens.
Estou convencido que na maioria dos governos que tivemos desde que existe a democracia — mais para trás não posso avaliar — que sempre se olhou para a Educação Física como uma disciplina mais de lazer do que uma disciplina curricular na sua verdadeira acepção da palavra. Estou convencido que essa atitude pegou de estaca na maioria das nossas escolas, com culpas de todos nessa situação.
É uma realidade que pode ser facilmente transformada e que passo a explicar. Na maioria das aulas, num mesmo pavilhão, elas decorrem com a presença de três turmas em simultâneo. Isto perfaz, numa perspectiva optimista, 60 alunos em simultâneo no ginásio!
É fácil concluir quais são as condições para se desenvolver uma aula minimamente credível e útil para os jovens, ou seja, muito limitadas. Que esforço físico faz o aluno de forma adequada nestas condições? Que planeamento é possível fazer por parte do docente nestas condições? Que estrutura prática-motora adequada é possível fazer nestas condições? Quantas calorias gasta um aluno numa aula nestas condições? O que aprende um aluno nestas condições? Que motivação tem este aluno nestas condições ?
Todavia, numa análise cuidada à realidade das escolas é fácil concluir que é possível — e isto é muito importante — a realização das aulas com apenas duas turmas presentes em simultâneo num ginásio, ou pavilhão e isso faz toda a diferença, quer para os alunos, quer para os professores.
Para isso basta que os horários sejam feitos tendo em conta esta situação. Se na elaboração dos horários tivermos em conta estas realidades, se fizerem os horários tendo em conta os interesses dos alunos, é perfeitamente possível fazer os horários de forma a estarem apenas duas turmas em simultâneo num pavilhão e, repito isso faz a diferença.
Se os horários forem bem elaborados ainda sobram horas para o Desporto Escolar. Repito: É URGENTE RECTIFICAR OS HORÁRIOS.
Numa sociedade como a nossa cada vez mais sedentária, invadida por divertimentos e passatempos tecnológicos que convidam ao imobilismo físico, continuar a olhar para a Educação Física como uma disciplina de segunda importância é um erro crasso que um dia a Saúde Pública das novas gerações se encarregará de mostrar.
Cordiais cumprimentos
Sérgio Cunha Machado Augusto
Professor de Educação Física. Leitor do jornal a Página da Educação."
O colega Sérgio fomenta uma discussão antiga que teima em manter-se actual: a relação entre as dimensões lectiva e extra-lectiva; a relação entre a educação física e o desporto escolar. Levanta também um conjunto de questões igualmente relevantes acerca das condições da prática. Mas a questão central que importa esclarecer [ainda numa lógica de aferir as bases em que deixamos assentar as nossas crenças] é a seguinte:
Será que existe um risco manifesto do poder central subverter [por constrangimentos vários] a ordem valorativa da Educação Física e do Desporto Escolar?
PS: Peço desculpa aos colegas do grupo de discussão por me afastar do tema que motivou este blogue. Voltarei ao assunto principal brevemente.
terça-feira, junho 14, 2005
Será uma questão de retórica?
[Afastando-me por breves instantes do tema deste blogue...]
Siedentop (2002) considera que há três grandes objectivos para os programas de desporto juvenil: o objectivo educativo, o objectivo da saúde pública e o objectivo do desenvolvimento da elite. Há um quarto objectivo que, sendo menos aparente, não é menos importante: preservar, proteger, e realçar práticas do desporto.
Que objectivos devem abraçar o desporto escolar?
PS: Como se "quanlificam", desculpem o torto neologismo, o cumprimento desses objectivos?
Henrique Santos [comentário]
Siedentop (2002) considera que há três grandes objectivos para os programas de desporto juvenil: o objectivo educativo, o objectivo da saúde pública e o objectivo do desenvolvimento da elite. Há um quarto objectivo que, sendo menos aparente, não é menos importante: preservar, proteger, e realçar práticas do desporto.
Que objectivos devem abraçar o desporto escolar?
PS: Como se "quanlificam", desculpem o torto neologismo, o cumprimento desses objectivos?
Henrique Santos [comentário]
O desporto escolar está de parabéns!
Caros colegas
Recupero um pequeno texto [foi produzido no final do Euro 2004], provocatório, porventura deslocado no alvo. Deslocado porque tentei abordar os especialistas de bancada, jornalistas e “opinadores” mediáticos. Mas, atenção: A questão inicial também poderá servir de ponto de partida para uma discussão séria. Depende do olhar que lançarmos para o assunto.
Quais os efeitos dos resultados obtidos pela selecção portuguesa no Euro 2004 para o desporto escolar?
Sempre que o país se faz representar numa competição desportiva internacional (Jogos Olímpicos, Campeonatos da Europa e do Mundo) e as classificações alcançadas não correspondem às expectativas dos órgãos de comunicação social, os peritos do espectáculo desportivo dirigem os seus olhares para a escola, procurando encontrar as causas mais profundas do pretenso insucesso desportivo. O passado tem sido fértil em debates televisivos com painéis de especialistas em adeptos (é assim que muitos deles se auto designam), com um estatuto de “residentes”, que se entretêm a dissecar(?) o fenómeno desportivo. A posição destes adeptos é extremamente cómoda. Afinal, o que é que se pode esperar de uma adepto? Aquilo que o próprio conceito encerra: que seja um admirador, um apaixonado, que simpatize com a coisa desportiva. A substância da sua opinião no quadro em que ela se desenvolve poderá conduzir, facilmente, à irracionalidade. Ora, sendo certo que o clima em que decorrem as conversas acerca do futebol garante a audiência, ele poderá não conduzir à sapiência. Como o critério formativo não tem sido adoptado pela comunicação social nas discussões sobre o desporto, o esclarecimento terá de ser procurado noutros locais.
Mas, voltando à questão inicial, será que após o Euro 2004 se falará do desporto escolar?
Sim, se se considerar o desporto escolar como um dos pilares do modelo de desenvolvimento desportivo nacional. Nesta perspectiva, seria legitimo que o desporto escolar agregasse créditos pelos sucessos e descrédito pelos insucessos do desporto nacional. No momento em que a selecção nacional de futebol está na elite do futebol mundial, será que não existem motivos para enaltecer o trabalho que se realiza nas escolas portuguesas?
Não, se se considerar que à escola não compete a formação desportiva de base ou concorrendo para essa formação desportiva não a realiza convenientemente e que por essa razão não tem qualquer responsabilidade nos resultados desportivos nacionais.
Este olhar espontâneo não representa a complexidade da relação entre os resultados desportivos e os modelos de prática que lhes subjazem. Esta questão requer uma análise mais profunda e alargada porque o nosso modelo de prática do desporto escolar encerra um conjunto de equívocos e paradoxos.
Mas é um olhar que serve para provocarmos os comentadores desportivos, exigindo que sejam congruentes nas análises.
Recupero um pequeno texto [foi produzido no final do Euro 2004], provocatório, porventura deslocado no alvo. Deslocado porque tentei abordar os especialistas de bancada, jornalistas e “opinadores” mediáticos. Mas, atenção: A questão inicial também poderá servir de ponto de partida para uma discussão séria. Depende do olhar que lançarmos para o assunto.
Quais os efeitos dos resultados obtidos pela selecção portuguesa no Euro 2004 para o desporto escolar?
Sempre que o país se faz representar numa competição desportiva internacional (Jogos Olímpicos, Campeonatos da Europa e do Mundo) e as classificações alcançadas não correspondem às expectativas dos órgãos de comunicação social, os peritos do espectáculo desportivo dirigem os seus olhares para a escola, procurando encontrar as causas mais profundas do pretenso insucesso desportivo. O passado tem sido fértil em debates televisivos com painéis de especialistas em adeptos (é assim que muitos deles se auto designam), com um estatuto de “residentes”, que se entretêm a dissecar(?) o fenómeno desportivo. A posição destes adeptos é extremamente cómoda. Afinal, o que é que se pode esperar de uma adepto? Aquilo que o próprio conceito encerra: que seja um admirador, um apaixonado, que simpatize com a coisa desportiva. A substância da sua opinião no quadro em que ela se desenvolve poderá conduzir, facilmente, à irracionalidade. Ora, sendo certo que o clima em que decorrem as conversas acerca do futebol garante a audiência, ele poderá não conduzir à sapiência. Como o critério formativo não tem sido adoptado pela comunicação social nas discussões sobre o desporto, o esclarecimento terá de ser procurado noutros locais.
Mas, voltando à questão inicial, será que após o Euro 2004 se falará do desporto escolar?
Sim, se se considerar o desporto escolar como um dos pilares do modelo de desenvolvimento desportivo nacional. Nesta perspectiva, seria legitimo que o desporto escolar agregasse créditos pelos sucessos e descrédito pelos insucessos do desporto nacional. No momento em que a selecção nacional de futebol está na elite do futebol mundial, será que não existem motivos para enaltecer o trabalho que se realiza nas escolas portuguesas?
Não, se se considerar que à escola não compete a formação desportiva de base ou concorrendo para essa formação desportiva não a realiza convenientemente e que por essa razão não tem qualquer responsabilidade nos resultados desportivos nacionais.
Este olhar espontâneo não representa a complexidade da relação entre os resultados desportivos e os modelos de prática que lhes subjazem. Esta questão requer uma análise mais profunda e alargada porque o nosso modelo de prática do desporto escolar encerra um conjunto de equívocos e paradoxos.
Mas é um olhar que serve para provocarmos os comentadores desportivos, exigindo que sejam congruentes nas análises.
quinta-feira, junho 09, 2005
Desportivização da educação física...?
Caros colegas,
Ao procurar clarificar conceitos sou obrigado a contestar algumas das vacas sagradas que me acompanharam durante a formação académica.
A afirmação de que a educação física é a porta de entrada para um estilo de vida activo, em vez de ser encarada como um dos pilares do desporto de elite, não tem encontrado eco nas práticas e nas concepções dos professores acerca das suas práticas.
Contudo, e aceitando esta afirmação como válida, fará sentido “desportivizar” as aulas de Educação Física?
Um abraço
Miguel Pinto
Ao procurar clarificar conceitos sou obrigado a contestar algumas das vacas sagradas que me acompanharam durante a formação académica.
A afirmação de que a educação física é a porta de entrada para um estilo de vida activo, em vez de ser encarada como um dos pilares do desporto de elite, não tem encontrado eco nas práticas e nas concepções dos professores acerca das suas práticas.
Contudo, e aceitando esta afirmação como válida, fará sentido “desportivizar” as aulas de Educação Física?
Um abraço
Miguel Pinto
Organização da competição
Vou entrar no debate em forma de nota /teses muitas vezes sem me referir a algum dos colegas em concreto mas a questões entretanto afloradas:
- Refiro-me no que digo essencialmente à prática desportiva de jogos colectivos. Reconheço haver diferenças substanciais se falasse de alguns desportos individuais, tipo ginástica ou natação. Quando falo num desporto escolar falo essencialmente de basquetebol pois é o desporto em que tenho mais experiência de formação.
- Continuo a pensar que é preciso fazer definições prévias. Desporto infantil (DI) para mim é aquele praticado por crianças antes da puberdade, em idades (cerca dos 8 a 11) que lhes permitem aceder a práticas ditas desportivas relacionadas com as formais). As características destas idades marcam substancial diferença na constituição física psíquica e social em relação aos púberes ou adolescentes - estes enquadrados no Desporto Juvenil. O Desporto de formação englobaria o desporto infantil e o juvenil, antes da entrada no desporto adulto que pode adoptar as formas de baixa, média ou alta competição em função do nível de prática dos seus praticantes ou formas de recreação. Antes do desporto infantil penso haver lugar a uma formação orientada de EF base em que o desporto como o conhecemos não cabe ainda, o que devem existir são jogos e a formação lúdico-motora.
- Os contextos de prática do desporto infantil podem ser diferentes, escola ou clube, associação, autarquia, mas devem ter objectivos e formas de actuação etc. iguais. De preferência o desporto infantil deveria ser feito em contexto escolar sob a orientação de professores de EF devidamente formados. O contexto clubístico é possível mas traz mais possibilidades de desvirtuação das práticas formativas a este nível. Mas quando inexiste o escolar, o clubístico ou associativo ou municipal são possibilidades a não descartar.
- Aquilo a que chamam infantis B (actualmente nascidos em 92 e 93) no desporto escolar mistura escolares pré e pós púberes o que lhe dá deste ponto de vista uma grande necessidade de diferenciação pedagógica das práticas. Os considerados Infantis B (nascidos em 94 e 95) correspondem mais verdadeiramente ao desporto infantil pois os seus praticantes estão todos numa fase claramente pré-púbere. No desporto federado há um desfasamento de designações e de idades. Salvo erro chamam iniciados no Basquetebol aos nascidos entre 91 e 92. E minibasquete aos nascidos de 93 para baixo. Dantes, não sei se agora assim se passa, diferenciava-se entre o Mini A (dos 7/8 aos 10 e o Mini B dos 11 aos 12). A prática do minibasquete era possivelmente mista embora a maioria das equipas fossem de rapazes ou de raparigas.
- Sem querer apontar idades fixas mas meras referências, dentro do DI, eu faria as seguintes divisões gerais: Fase de prática multilateral de um conjunto de desportos (8 a 10 anos), iniciação em 1 desporto (por exemplo basquete) entre os 11 e os 12 anos, sensivelmente antes da puberdade começar. Depois disso já se entraria no início do desporto juvenil, fase de orientação-aperfeiçoamento no desporto escolhido.
- É claro que eu estou a ser esquemático, e a ter em conta principalmente o factor idade no que ele muitas vezes traduz de mudanças físicas, psíquicas, sociais. Mas rapazes ou raparigas em idades iguais estão em estádios de desenvolvimento bastante diferente e o que deve ser tido em conta são estes e não a idade cronológica. Todas as considerações que a Rita fez em cima do meu esquematismo são interessantes e partilho-as. Estão a um nível de análise do concreto diferente do meu.
- Até à ultrapassagem da puberdade as competições do desporto infantil deveriam ser mistas. A partir daí penso que as competições deveriam ser separadas. É evidente que há uma fase charneira em que em média as raparigas atingem a puberdade e o s rapazes ainda são pré-púberes que é preciso considerar. Independentemente disto penso haver todo o interesse em haver intercâmbios. Quando treinei raparigas gostava muitas vezes de treinar ou efectuar jogos treinos com rapazes, mas a competição deveria ser diferenciada a partir dessa idade. O mesmo também pode acontecer ao contrário. Treinos ou jogos treinos entre equipas fracas de rapazes e fortes de raparigas ou o contrário são de estimular e muito interessantes principalmente possíveis quando na mesma instituição há rapazes e raparigas a praticar a mesma modalidade. Treinos conjuntos ou mistos são também possibilidades interessantes. Agora de todo, é importante a equidade competitiva quando se colocam a defrontar equipas. Um jogador aprende pouco quando não encontra oposição equitativa ou ligeiramente diferente. É um cuidado a ter particularmente em conta. Dantes no minibasquete juntavam-se todas as equipas num encontro festa inicial onde se aquilatavam da valia das equipas para se proceder à divisão por séries equilibradas, não sei se agora se faz isso. Por outro lado nestas idades infantis e não só, há outras formas de equilibrar as coisas e desmistificar a competição, fazendo misturar as equipas, contrariando o clubismo ou equipismo, ou campeonite e fazendo jogar relacionar os jogadores de várias equipas. A fórmula de Festa do minibasquete, com múltiplas actividades de carácter técnico culminando com jogos de equipas todas misturadas é para mim o ideal. Os jamboris que aliam ao anterior vivências múltiplas de carácter social, cultural e artístico ao desportivo são momentos culminantes do desporto infantil que todos os desportistas infantis (e não só deveriam desfrutar). A existência de prémios que devem ser iguais para todos independentemente das classificações podem e deve diferenciar só em certos casos, que não constituem discriminações mas valorizações positivas: o jogador Fair-Play; o jogador mais esforçado; etc., prémios esses, simbólicos que muitas vezes descoincidem dos jogadores com mais sucesso meramente competitivo. A existência de muitas séries proporciona muitos vencedores. Esqueçam os faseamentos até chegar ao supra vencedor. O importante é jogar muito e fazer desfrutar o jogo e conviver e melhorar no jogo. A atitude de orientação dos treinadores nos jogos (e nos treinos) deve ser cuidadosa e aqui há muito a fazer. Nada de muitos gritos, mas apoio informativo sereno e formativo. Apesar de muito jovens, as crianças podem e devem participar muito activamente na organização, dos treinos e competições. Devem-lhes ser atribuídas rotativamente responsabilidades que estejam ao seu alcance.
- A formação das crianças em formação, infantis neste caso deve estar a cargo de pessoas devidamente formadas. Admito a presença de monitores jovens, que não sejam professores de EF, se devidamente enquadrados por professores de EF devidamente formados, que cuidarão do planeamento, supervisão e acompanhamento dos treinos e jogos. Não me parece que isto esteja a acontecer muito no desporto infantil. Todo o aspirante a monitor ou treinador deve passar por formação e indução e acompanhamento por um treinador experiente. O que me parece acontecer, principalmente no Desporto infantil em contextos federados é darem a responsabilidade a jovens jogadores muito novos, sem formação e não apoiados.
- Quando há competição, isto é, oposição entre equipas diferentes, os modelos devem ser altamente cuidados na sua organização e preparação. Vários artigos do Mestre (com M enorme) Teotónio Lima são pérolas no que concerne aos cuidados a ter na organização das competições infantis e juvenis e nos contextos da iniciação desportiva. Os colegas mais novos deveriam, caso não conheçam, ler as ideias expressas por este e outros velhinhos do nosso desporto (cito também o Hermínio Barreto, uma sumidade na pedagogia do basquete em idades formativas.) Também aqui, há claramente contextos competitivos que propiciam a campeonite e outros que propiciam a formação, o fair play.
- A possibilidade de discriminação existente no DI fica extremamente atenuada com certas medidas administrativas, tais como, obrigatoriedade de todos os jogadores jogarem iguais períodos de jogo. Indo mais além da dita regra de ouro,, isto é dos quatro períodos jogar nos três primeiros um mínimo de um e um máximo de dois o que permite que haja jogadores que jogam 3 períodos e outros apenas um. Esta regra iria ter repercussões na atitude formal dos treinadores. Os treinadores e principalmente os mais jovens, tendem a reproduzir mais certos contextos que vivem ou viveram. A capacidade de aceitar a vitória ou a derrota é menor nestes colegas em fase de afirmação que passa segundo eles pela vitória mesmo que a custo de alguns valores formativos. Mas há várias soluções para isto, administrativas, formativas, culturais etc., que apontei durante este texto.
- O desporto infantil tanto pode ser muito enriquecedor e formativo, como pode ser frustrante e deformativo. Os fenómenos de abandono desportivo são preocupantes e apontam erros crassos a ter em devida conta.
- Embora gostasse de dizer mais coisas, fico-me para já por aqui neste espaço interessante de debate promovido pelo Prof. Amândio.
Um abraço.
Henrique Santos
- Refiro-me no que digo essencialmente à prática desportiva de jogos colectivos. Reconheço haver diferenças substanciais se falasse de alguns desportos individuais, tipo ginástica ou natação. Quando falo num desporto escolar falo essencialmente de basquetebol pois é o desporto em que tenho mais experiência de formação.
- Continuo a pensar que é preciso fazer definições prévias. Desporto infantil (DI) para mim é aquele praticado por crianças antes da puberdade, em idades (cerca dos 8 a 11) que lhes permitem aceder a práticas ditas desportivas relacionadas com as formais). As características destas idades marcam substancial diferença na constituição física psíquica e social em relação aos púberes ou adolescentes - estes enquadrados no Desporto Juvenil. O Desporto de formação englobaria o desporto infantil e o juvenil, antes da entrada no desporto adulto que pode adoptar as formas de baixa, média ou alta competição em função do nível de prática dos seus praticantes ou formas de recreação. Antes do desporto infantil penso haver lugar a uma formação orientada de EF base em que o desporto como o conhecemos não cabe ainda, o que devem existir são jogos e a formação lúdico-motora.
- Os contextos de prática do desporto infantil podem ser diferentes, escola ou clube, associação, autarquia, mas devem ter objectivos e formas de actuação etc. iguais. De preferência o desporto infantil deveria ser feito em contexto escolar sob a orientação de professores de EF devidamente formados. O contexto clubístico é possível mas traz mais possibilidades de desvirtuação das práticas formativas a este nível. Mas quando inexiste o escolar, o clubístico ou associativo ou municipal são possibilidades a não descartar.
- Aquilo a que chamam infantis B (actualmente nascidos em 92 e 93) no desporto escolar mistura escolares pré e pós púberes o que lhe dá deste ponto de vista uma grande necessidade de diferenciação pedagógica das práticas. Os considerados Infantis B (nascidos em 94 e 95) correspondem mais verdadeiramente ao desporto infantil pois os seus praticantes estão todos numa fase claramente pré-púbere. No desporto federado há um desfasamento de designações e de idades. Salvo erro chamam iniciados no Basquetebol aos nascidos entre 91 e 92. E minibasquete aos nascidos de 93 para baixo. Dantes, não sei se agora assim se passa, diferenciava-se entre o Mini A (dos 7/8 aos 10 e o Mini B dos 11 aos 12). A prática do minibasquete era possivelmente mista embora a maioria das equipas fossem de rapazes ou de raparigas.
- Sem querer apontar idades fixas mas meras referências, dentro do DI, eu faria as seguintes divisões gerais: Fase de prática multilateral de um conjunto de desportos (8 a 10 anos), iniciação em 1 desporto (por exemplo basquete) entre os 11 e os 12 anos, sensivelmente antes da puberdade começar. Depois disso já se entraria no início do desporto juvenil, fase de orientação-aperfeiçoamento no desporto escolhido.
- É claro que eu estou a ser esquemático, e a ter em conta principalmente o factor idade no que ele muitas vezes traduz de mudanças físicas, psíquicas, sociais. Mas rapazes ou raparigas em idades iguais estão em estádios de desenvolvimento bastante diferente e o que deve ser tido em conta são estes e não a idade cronológica. Todas as considerações que a Rita fez em cima do meu esquematismo são interessantes e partilho-as. Estão a um nível de análise do concreto diferente do meu.
- Até à ultrapassagem da puberdade as competições do desporto infantil deveriam ser mistas. A partir daí penso que as competições deveriam ser separadas. É evidente que há uma fase charneira em que em média as raparigas atingem a puberdade e o s rapazes ainda são pré-púberes que é preciso considerar. Independentemente disto penso haver todo o interesse em haver intercâmbios. Quando treinei raparigas gostava muitas vezes de treinar ou efectuar jogos treinos com rapazes, mas a competição deveria ser diferenciada a partir dessa idade. O mesmo também pode acontecer ao contrário. Treinos ou jogos treinos entre equipas fracas de rapazes e fortes de raparigas ou o contrário são de estimular e muito interessantes principalmente possíveis quando na mesma instituição há rapazes e raparigas a praticar a mesma modalidade. Treinos conjuntos ou mistos são também possibilidades interessantes. Agora de todo, é importante a equidade competitiva quando se colocam a defrontar equipas. Um jogador aprende pouco quando não encontra oposição equitativa ou ligeiramente diferente. É um cuidado a ter particularmente em conta. Dantes no minibasquete juntavam-se todas as equipas num encontro festa inicial onde se aquilatavam da valia das equipas para se proceder à divisão por séries equilibradas, não sei se agora se faz isso. Por outro lado nestas idades infantis e não só, há outras formas de equilibrar as coisas e desmistificar a competição, fazendo misturar as equipas, contrariando o clubismo ou equipismo, ou campeonite e fazendo jogar relacionar os jogadores de várias equipas. A fórmula de Festa do minibasquete, com múltiplas actividades de carácter técnico culminando com jogos de equipas todas misturadas é para mim o ideal. Os jamboris que aliam ao anterior vivências múltiplas de carácter social, cultural e artístico ao desportivo são momentos culminantes do desporto infantil que todos os desportistas infantis (e não só deveriam desfrutar). A existência de prémios que devem ser iguais para todos independentemente das classificações podem e deve diferenciar só em certos casos, que não constituem discriminações mas valorizações positivas: o jogador Fair-Play; o jogador mais esforçado; etc., prémios esses, simbólicos que muitas vezes descoincidem dos jogadores com mais sucesso meramente competitivo. A existência de muitas séries proporciona muitos vencedores. Esqueçam os faseamentos até chegar ao supra vencedor. O importante é jogar muito e fazer desfrutar o jogo e conviver e melhorar no jogo. A atitude de orientação dos treinadores nos jogos (e nos treinos) deve ser cuidadosa e aqui há muito a fazer. Nada de muitos gritos, mas apoio informativo sereno e formativo. Apesar de muito jovens, as crianças podem e devem participar muito activamente na organização, dos treinos e competições. Devem-lhes ser atribuídas rotativamente responsabilidades que estejam ao seu alcance.
- A formação das crianças em formação, infantis neste caso deve estar a cargo de pessoas devidamente formadas. Admito a presença de monitores jovens, que não sejam professores de EF, se devidamente enquadrados por professores de EF devidamente formados, que cuidarão do planeamento, supervisão e acompanhamento dos treinos e jogos. Não me parece que isto esteja a acontecer muito no desporto infantil. Todo o aspirante a monitor ou treinador deve passar por formação e indução e acompanhamento por um treinador experiente. O que me parece acontecer, principalmente no Desporto infantil em contextos federados é darem a responsabilidade a jovens jogadores muito novos, sem formação e não apoiados.
- Quando há competição, isto é, oposição entre equipas diferentes, os modelos devem ser altamente cuidados na sua organização e preparação. Vários artigos do Mestre (com M enorme) Teotónio Lima são pérolas no que concerne aos cuidados a ter na organização das competições infantis e juvenis e nos contextos da iniciação desportiva. Os colegas mais novos deveriam, caso não conheçam, ler as ideias expressas por este e outros velhinhos do nosso desporto (cito também o Hermínio Barreto, uma sumidade na pedagogia do basquete em idades formativas.) Também aqui, há claramente contextos competitivos que propiciam a campeonite e outros que propiciam a formação, o fair play.
- A possibilidade de discriminação existente no DI fica extremamente atenuada com certas medidas administrativas, tais como, obrigatoriedade de todos os jogadores jogarem iguais períodos de jogo. Indo mais além da dita regra de ouro,, isto é dos quatro períodos jogar nos três primeiros um mínimo de um e um máximo de dois o que permite que haja jogadores que jogam 3 períodos e outros apenas um. Esta regra iria ter repercussões na atitude formal dos treinadores. Os treinadores e principalmente os mais jovens, tendem a reproduzir mais certos contextos que vivem ou viveram. A capacidade de aceitar a vitória ou a derrota é menor nestes colegas em fase de afirmação que passa segundo eles pela vitória mesmo que a custo de alguns valores formativos. Mas há várias soluções para isto, administrativas, formativas, culturais etc., que apontei durante este texto.
- O desporto infantil tanto pode ser muito enriquecedor e formativo, como pode ser frustrante e deformativo. Os fenómenos de abandono desportivo são preocupantes e apontam erros crassos a ter em devida conta.
- Embora gostasse de dizer mais coisas, fico-me para já por aqui neste espaço interessante de debate promovido pelo Prof. Amândio.
Um abraço.
Henrique Santos
terça-feira, junho 07, 2005
segunda-feira, maio 30, 2005
Como se resolve o dilema: dar primazia ao resultado na competição ou dar primazia à participação de todos na competição?
Amigo Amândio, é com prazer que participo no teu trabalho. Desde já peço desculpa pela demora pois sei que tens alguma urgência mas o tempo é curto e estamos, provavelmente todos, na pior fase do ano no que diz respeito a trabalho. Vou por isso tentar contribuir com a minha opinião, não da forma reflectida como o tema e o teu trabalho merece mas mais ao correr da pena ou seja do teclado. Já tive oportunidade de ler outros contributos mas vou pedir dispensa de neste momento fazer qualquer comentário.
Se bem entendi pretendes que dê a minha opinião sobre o dilema “resultado/prestação verso participação de todos” tendo em atenção a análise que faço aos resultados dos valores médios dos quatro países em causa.
Relativamente ao assunto tenho a dizer que os resultados estão de acordo com aquilo que eu penso ser o objectivo do DE. O tempo que me liga ao DE é como sabes longo mas durante muitos anos a actividade desportiva que promovi não tinha competição (actividades de ar livre) mas hoje tem um quadro competitivo. Por isso durante muito tempo não tive que me preocupar com esse dilema, ou seja, todos participavam e como já percebeste ser esse lado da questão que mais me atrai, fácil será descobrir que se calhar não foi inocente a escolha deste tipo de actividade.
Considero, no entanto, que o resultado é muito importante na formação do aluno/atleta mas fundamental nestas idades é valorizar a participação diversificando as funções, as situações e ou as modalidades, valorizar o prazer da prática pela prática. Há lugar para todos nesta fase, o prazer do resultado vem posteriormente.
Mário Pereira
Se bem entendi pretendes que dê a minha opinião sobre o dilema “resultado/prestação verso participação de todos” tendo em atenção a análise que faço aos resultados dos valores médios dos quatro países em causa.
Relativamente ao assunto tenho a dizer que os resultados estão de acordo com aquilo que eu penso ser o objectivo do DE. O tempo que me liga ao DE é como sabes longo mas durante muitos anos a actividade desportiva que promovi não tinha competição (actividades de ar livre) mas hoje tem um quadro competitivo. Por isso durante muito tempo não tive que me preocupar com esse dilema, ou seja, todos participavam e como já percebeste ser esse lado da questão que mais me atrai, fácil será descobrir que se calhar não foi inocente a escolha deste tipo de actividade.
Considero, no entanto, que o resultado é muito importante na formação do aluno/atleta mas fundamental nestas idades é valorizar a participação diversificando as funções, as situações e ou as modalidades, valorizar o prazer da prática pela prática. Há lugar para todos nesta fase, o prazer do resultado vem posteriormente.
Mário Pereira
quinta-feira, maio 26, 2005
Participação conjunta de rapazes e raparigas na competição: Em que medida é desejável? Em que medida é viável?
Antes de mais gostaria de referir que a minha experiência no âmbito do desporto infantil/ desporto escolar no escalão infantil é reduzida. Tenho alguma (pouca) experiência no Desporto Escolar, e dentro deste a minha actividade é desenvolvida ao nível da Actividade Interna onde, e embora se realizem torneios, é privilegiado o carácter recreativo/lúdico e de formação. Ao nível do Clube não tenho qualquer experiência com este escalão etário.
Assim sendo, a minha opinião baseia-se naquilo que ouço, sinto e observo.
Em relação ao desporto escolar no escalão infantil, penso que a participação conjunta de rapazes e raparigas na competição é desejável e viável desde que garantidas/asseguradas algumas condições. Deverá ser assegurado, por exemplo, que todos os alunos participem nas competições, que sejam respeitados os seus desempenhos e que de forma alguma estes sejam "retirados" das competições se não obtiverem bons resultados, ..., ou seja, que fundamentalmente não seja dada excessiva ênfase à competição.
É importante que não se confundam as coisas - não estamos a tratar de desporto de competição e alto rendimento.
Penso que deveremos estar atentos a uma outra situação.
À medida que a evolução ocorre, a nível técnico e táctico, ou que a idade aumenta, poderão tornar-se mais desiguais e acentuados os níveis de desempenho pelo que se não forem tidas em conta algumas preocupações de intervenção junto dos jovens que orientamos esta participação conjunta pode tornar-se cada vez menos motivante. Associados a este aspecto, e se for dada excessiva ênfase à competição, poderão surgir conflitos de interesses, a falta de prazer, a percepção de incompetência, sentimentos negativos de auto-estima ... e o consequente abandono da prática desportiva. Não é isto que queremos!
Se se pretende que o Desporto Escolar tenha como objectivo proporcionar a todos os alunos, dentro da Escola, actividades desportivas de carácter recreativo/lúdico, de formação e/ou de orientação desportiva, que promovam a formação integral do jovem, a saúde e o bem-estar, um modelo que privilegie excessivamente a competição e o rendimento, põe em causa os seus objectivos.
A competição é importante e altamente motivante para os jovens (e não só). No entanto, penso que esta deve ser gerida "com conta, peso e medida" de forma a respeitar as características, necessidades e interesses dos jovens. Se queremos fomentar o gosto pela prática desportiva este aspecto deverá requerer uma enorme atenção, cuidado e sensibilidade por parte de quem orienta a actividade e por parte de quem toma decisões sobre o nível de importância que deve ser atribuído à competição para este escalão.
Já agora, só mais uma "coisita"...
Embora saiba que me vou afastar um pouco da questão que me foi colocada, e se me for permitido, gostaria de saber o que os outros colegas pensam sobre a participação das raparigas ao nível do desporto escolar no escalão infantil. Sei que em determinadas modalidades a adesão das raparigas é grande. Sei também que existem várias nuances, vários condicionalismos... No meu caso, e isto em tom de desabafo, a participação das raparigas é pouco significativa, quase inexistente. São poucas as raparigas que procuram e frequentam a actividade à qual estou ligada - Ténis de Mesa, e as que surgem são mais uma excepção do que a regra. Ou porque a família não valoriza e incentiva a participação das raparigas nesta actividade, ou porque esta actividade é considerada não "muito própria" para as meninas, ou, ainda, porque são elas próprias - as raparigas, que tem outros interesses e motivações.
Os rapazes, pelo contrário, frequentam-no de uma forma assídua e regular, mostram gosto e gozo.
Será que tenho aqui um problema cultural (que não é inédito) por resolver?
O que se passa exactamente com cada um de vós?
Cláudia Malafaya
Assim sendo, a minha opinião baseia-se naquilo que ouço, sinto e observo.
Em relação ao desporto escolar no escalão infantil, penso que a participação conjunta de rapazes e raparigas na competição é desejável e viável desde que garantidas/asseguradas algumas condições. Deverá ser assegurado, por exemplo, que todos os alunos participem nas competições, que sejam respeitados os seus desempenhos e que de forma alguma estes sejam "retirados" das competições se não obtiverem bons resultados, ..., ou seja, que fundamentalmente não seja dada excessiva ênfase à competição.
É importante que não se confundam as coisas - não estamos a tratar de desporto de competição e alto rendimento.
Penso que deveremos estar atentos a uma outra situação.
À medida que a evolução ocorre, a nível técnico e táctico, ou que a idade aumenta, poderão tornar-se mais desiguais e acentuados os níveis de desempenho pelo que se não forem tidas em conta algumas preocupações de intervenção junto dos jovens que orientamos esta participação conjunta pode tornar-se cada vez menos motivante. Associados a este aspecto, e se for dada excessiva ênfase à competição, poderão surgir conflitos de interesses, a falta de prazer, a percepção de incompetência, sentimentos negativos de auto-estima ... e o consequente abandono da prática desportiva. Não é isto que queremos!
Se se pretende que o Desporto Escolar tenha como objectivo proporcionar a todos os alunos, dentro da Escola, actividades desportivas de carácter recreativo/lúdico, de formação e/ou de orientação desportiva, que promovam a formação integral do jovem, a saúde e o bem-estar, um modelo que privilegie excessivamente a competição e o rendimento, põe em causa os seus objectivos.
A competição é importante e altamente motivante para os jovens (e não só). No entanto, penso que esta deve ser gerida "com conta, peso e medida" de forma a respeitar as características, necessidades e interesses dos jovens. Se queremos fomentar o gosto pela prática desportiva este aspecto deverá requerer uma enorme atenção, cuidado e sensibilidade por parte de quem orienta a actividade e por parte de quem toma decisões sobre o nível de importância que deve ser atribuído à competição para este escalão.
Já agora, só mais uma "coisita"...
Embora saiba que me vou afastar um pouco da questão que me foi colocada, e se me for permitido, gostaria de saber o que os outros colegas pensam sobre a participação das raparigas ao nível do desporto escolar no escalão infantil. Sei que em determinadas modalidades a adesão das raparigas é grande. Sei também que existem várias nuances, vários condicionalismos... No meu caso, e isto em tom de desabafo, a participação das raparigas é pouco significativa, quase inexistente. São poucas as raparigas que procuram e frequentam a actividade à qual estou ligada - Ténis de Mesa, e as que surgem são mais uma excepção do que a regra. Ou porque a família não valoriza e incentiva a participação das raparigas nesta actividade, ou porque esta actividade é considerada não "muito própria" para as meninas, ou, ainda, porque são elas próprias - as raparigas, que tem outros interesses e motivações.
Os rapazes, pelo contrário, frequentam-no de uma forma assídua e regular, mostram gosto e gozo.
Será que tenho aqui um problema cultural (que não é inédito) por resolver?
O que se passa exactamente com cada um de vós?
Cláudia Malafaya
terça-feira, maio 24, 2005
Que benefícios estão a ser mais privilegiados como consequência da prática do desporto escolar /desporto infantil?
A questão é muito complexa.
Afastar-me-ei da análise dos benefícios para o sistema de desenvolvimento desportivo que decorrem da promoção de um determinado tipo de prática no desporto escolar. Seria necessário mapear as relações entre a instituição escolar e dos clubes desportivos e observar os discursos que emergem de um e outro subsistema.
Creio que a questão procura o praticante. Centra-se no sujeito da prática. E a complexidade da questão resulta do facto da orientação da prática dos indivíduos não ter um, mas vários referenciais. É neste sentido que um olhar sobre os benefícios da prática do desporto escolar tenha de contemplar o sujeito praticante na sua pessoalidade, as exigências específicas da modalidade desportiva [padrões de desempenho, existência ou não de um sistema de competição, etc.] e o envolvimento que situa essa prática. Estou tentado a responder que os benefícios da prática do desporto escolar dependem do sentido que o praticante confere à sua prática. Embora exista um défice de compreensão no que respeita ao conceito de desporto plural despontam sinais que ameaçam romper com uma certa tradição (caracterizada por uma pretensa ligação dos professores às práticas de alto rendimento fazendo transportar para a escola um conjunto de crenças associadas a esse nível de prática). Refiro-me concretamente à proliferação de actividades multivariadas e ao reforço da actividade interna nas escolas.
Mesmo sob a alçada de um modelo de prática exclusiva – piramidal - que privilegia a competição, o rendimento, a competência, a comprovação e a auto-avaliação, a prática do desporto escolar admite outras razões que dão lhe sentido: a procura da tensão, do risco, da aventura, da estética, da expressão motora, da espiritualidade, da ritmicidade, do convívio, da comunicação, das experiências corporais, da condição física, da saúde, do bem-estar, das sensações motoras, da vivências da natureza e das experiências motoras.
Mas, afinal o que é se pode esperar de um desporto escolar exclusivo?
Que cumpra com a sua função de formação desportiva de base. Que alargue a base da pirâmide para que exista uma melhoria na qualidade da prática no topo. Reconheçamos a iniquidade da tarefa!
Miguel Pinto
Afastar-me-ei da análise dos benefícios para o sistema de desenvolvimento desportivo que decorrem da promoção de um determinado tipo de prática no desporto escolar. Seria necessário mapear as relações entre a instituição escolar e dos clubes desportivos e observar os discursos que emergem de um e outro subsistema.
Creio que a questão procura o praticante. Centra-se no sujeito da prática. E a complexidade da questão resulta do facto da orientação da prática dos indivíduos não ter um, mas vários referenciais. É neste sentido que um olhar sobre os benefícios da prática do desporto escolar tenha de contemplar o sujeito praticante na sua pessoalidade, as exigências específicas da modalidade desportiva [padrões de desempenho, existência ou não de um sistema de competição, etc.] e o envolvimento que situa essa prática. Estou tentado a responder que os benefícios da prática do desporto escolar dependem do sentido que o praticante confere à sua prática. Embora exista um défice de compreensão no que respeita ao conceito de desporto plural despontam sinais que ameaçam romper com uma certa tradição (caracterizada por uma pretensa ligação dos professores às práticas de alto rendimento fazendo transportar para a escola um conjunto de crenças associadas a esse nível de prática). Refiro-me concretamente à proliferação de actividades multivariadas e ao reforço da actividade interna nas escolas.
Mesmo sob a alçada de um modelo de prática exclusiva – piramidal - que privilegia a competição, o rendimento, a competência, a comprovação e a auto-avaliação, a prática do desporto escolar admite outras razões que dão lhe sentido: a procura da tensão, do risco, da aventura, da estética, da expressão motora, da espiritualidade, da ritmicidade, do convívio, da comunicação, das experiências corporais, da condição física, da saúde, do bem-estar, das sensações motoras, da vivências da natureza e das experiências motoras.
Mas, afinal o que é se pode esperar de um desporto escolar exclusivo?
Que cumpra com a sua função de formação desportiva de base. Que alargue a base da pirâmide para que exista uma melhoria na qualidade da prática no topo. Reconheçamos a iniquidade da tarefa!
Miguel Pinto
Relativamente aos conteúdos e organização da prática, em que medida se está a treinar bem?
Na minha opinião está-se a treinar bem na medida em que cada vez mais se sente vincada a noção de que o desporto infantil é uma etapa de um longo e complexo processo de formação de um indivíduo/atleta. Assim sendo, são inúmeras as variáveis e, nomeadamente, a interrelação dessas variáveis, que os treinadores consideram e ponderam aquando da distribuição de conteúdos e organização da prática.
O aspecto lúdico acaba por estar sempre presente, em todas as partes do treino/aula, independentemente do objectivo específico exigido. Tudo pode ser um jogo, desde que se consiga "jogar" com os critérios de sucesso de cada exercício consoante aquilo que se pretende (pontuação para a eficiência e para a eficácia de execução, para a prestação técnico-táctica individual, para a prestação técnico-táctica colectiva, para a prestação física, etc.).
O próprio jogo (condicionado ou não) tem sido um conteúdo priveligiado pela variedade de estímulos que oferece.
Pelo estado de desenvolvimento da cr/jovem também se tem verificado uma cada vez maior e mais fundamentada preocupação ao nível do domínio físico (preocupações ao nível da postura, reforço, relaxamento, conhecimento do próprio corpo, etc.) e são cada vez mais os exercícios com estes objectivos, bem como os circuitos de coordenação presentes no desporto infantil. Dada a plasticidade do sistema nervoso, para além da noção de conduzir a prática do mais simples para o mais complexo, do menos para o mais e do menos para o mais exigente, a variedade de estimulação (exercícios distintos e com objectivos distintos, critérios de sucesso e de execução distintos, variantes de espaço, tempo, posturas, reacções, etc) também tem sido tida em conta.
A noção de que os níveis de prestação dependem da interrelação de inúmeros domínios que num momento contribuem com um determinado peso e com uma determinada prontidão do indivíduo obriga o treinador, cada vez mais, a olhar e sentir a individualidade da cr/jovem no sentido de saber o quê e como conjugar os conteúdos e organizá-los de modo a conseguir uma progressão cada vez mais sólida, mas sempre aberta. Por isso, tem visto cada vez menos treinadores a preocuparem-se com o tempo dedicado à técnica, à táctica e ao físico. Vejo mais treinadores preocupados na forma de como poderão trabalhar esses domínios de modo separado ou em conjunto de modo a potenciar esses domínios para prestações futuras, sem nunca retirar prazer e sucesso à cr/jovem.
A necessidade de cada vez mais e melhor a criança compreender aquilo que está a fazer, bem como os respectivos objectivos, de modo a que se consigam elevados níveis de auto-estima e auto-confiança, também incentiva à responsabilização daquela no processo. Os critérios impostos para cada exercício têm contemplado isso mesmo. Além disso, existem outras formas (ex:
modelo de educação desportiva) em que a responsabilização individual e colectiva aparece vincada sob vários parâmetros de intervenção desportiva (arbitragem, gestão, etc.) e na qual a cr/jovem se poderá sentir mais confiante.
Na minha opinião a motivação intrínseca é o motor para tudo, seja cr/jovem ou adulto. Como tal, descobrir esse "botão" a partir do desenvolvimento de um autoconhecimento e conhecimento dos outros, é a chave para o sucesso na condução do desporto infantil, juvenil ou adulto. As bases ao nível da escolha de conteúdos e de organização estão mais ou menos definidas (pelos estudos científicos elaborados), importa é saber "temperar" esses conteúdos e organização de modo a manter a cr/jovem motivado para aprender, participar e continuar, cada vez mais e melhor (consigo próprio e com os outros).
Para se treinar melhor é, antes de mais, necessário conhecermo-nos melhor e conhecermos melhor os outros.
Ana Rita Gomes
O aspecto lúdico acaba por estar sempre presente, em todas as partes do treino/aula, independentemente do objectivo específico exigido. Tudo pode ser um jogo, desde que se consiga "jogar" com os critérios de sucesso de cada exercício consoante aquilo que se pretende (pontuação para a eficiência e para a eficácia de execução, para a prestação técnico-táctica individual, para a prestação técnico-táctica colectiva, para a prestação física, etc.).
O próprio jogo (condicionado ou não) tem sido um conteúdo priveligiado pela variedade de estímulos que oferece.
Pelo estado de desenvolvimento da cr/jovem também se tem verificado uma cada vez maior e mais fundamentada preocupação ao nível do domínio físico (preocupações ao nível da postura, reforço, relaxamento, conhecimento do próprio corpo, etc.) e são cada vez mais os exercícios com estes objectivos, bem como os circuitos de coordenação presentes no desporto infantil. Dada a plasticidade do sistema nervoso, para além da noção de conduzir a prática do mais simples para o mais complexo, do menos para o mais e do menos para o mais exigente, a variedade de estimulação (exercícios distintos e com objectivos distintos, critérios de sucesso e de execução distintos, variantes de espaço, tempo, posturas, reacções, etc) também tem sido tida em conta.
A noção de que os níveis de prestação dependem da interrelação de inúmeros domínios que num momento contribuem com um determinado peso e com uma determinada prontidão do indivíduo obriga o treinador, cada vez mais, a olhar e sentir a individualidade da cr/jovem no sentido de saber o quê e como conjugar os conteúdos e organizá-los de modo a conseguir uma progressão cada vez mais sólida, mas sempre aberta. Por isso, tem visto cada vez menos treinadores a preocuparem-se com o tempo dedicado à técnica, à táctica e ao físico. Vejo mais treinadores preocupados na forma de como poderão trabalhar esses domínios de modo separado ou em conjunto de modo a potenciar esses domínios para prestações futuras, sem nunca retirar prazer e sucesso à cr/jovem.
A necessidade de cada vez mais e melhor a criança compreender aquilo que está a fazer, bem como os respectivos objectivos, de modo a que se consigam elevados níveis de auto-estima e auto-confiança, também incentiva à responsabilização daquela no processo. Os critérios impostos para cada exercício têm contemplado isso mesmo. Além disso, existem outras formas (ex:
modelo de educação desportiva) em que a responsabilização individual e colectiva aparece vincada sob vários parâmetros de intervenção desportiva (arbitragem, gestão, etc.) e na qual a cr/jovem se poderá sentir mais confiante.
Na minha opinião a motivação intrínseca é o motor para tudo, seja cr/jovem ou adulto. Como tal, descobrir esse "botão" a partir do desenvolvimento de um autoconhecimento e conhecimento dos outros, é a chave para o sucesso na condução do desporto infantil, juvenil ou adulto. As bases ao nível da escolha de conteúdos e de organização estão mais ou menos definidas (pelos estudos científicos elaborados), importa é saber "temperar" esses conteúdos e organização de modo a manter a cr/jovem motivado para aprender, participar e continuar, cada vez mais e melhor (consigo próprio e com os outros).
Para se treinar melhor é, antes de mais, necessário conhecermo-nos melhor e conhecermos melhor os outros.
Ana Rita Gomes
Como tratar a questão da especialização numa modalidade desportiva e especialização funcional (posto ou prova específica) nestas idades?
Em primeiro lugar algumas clarificações:
-além da EF sempre estive ligado à formação em Basquetebol, desde o Minibasquetebol aos Cadetes, tanto no Desporto Escolar como no Federado. É pois nesse âmbito que me pronuncio, reconhecendo que noutras áreas desportos existem especificidades diferentes. Sou um autodidacta interessado pelas questões práticas e teóricas do ensino dos desportos colectivos.
1- Clarificação de conceitos. Entendo desporto infantil no sentido de desporto praticado em idades pré-púberes e desporto juvenil o praticado em jovens que passaram a puberdade.
-Falo de práticas desportivas para além da EF obrigatória e extensiva a todos os alunos. Os âmbitos dessas práticas podem ser o Desporto Escolar e posteriormente o Desporto Federado devendo ambos, nestas idades, cumprirem os mesmos princípios.
-Concordo com os autores que propõem uma fase multidesportiva antes de se entrar em qualquer especialização num desporto colectivo concreto, como o basquetebol. Dos oito aos 9/10 anos penso estar o momento dessa fase de formação multidesportiva. Não se aprenderia um desporto mas sim vários desportos de uma forma transversal, desenvolvendo os seus princípios tácticos mais básicos e gerais e desenvolvendo a motricidade de base que esses princípios tácticos e os jogos vão solicitando.
-Antes dessa fase Multidesportiva, penso que não se deveria falar de desporto mas de formação motora lúdica muito variada. (sistematizada entre os 6/7 anos).
-Precedendo a puberdade (10/11, 12 anos) penso ser o momento para passar à aprendizagem sistemática de um desporto colectivo (sem prejuízo da eventual prática complementar de outro desporto, o que se torna temporalmente difícil). É esta, na minha opinião, a fase de iniciação num desporto específico que deve estar basicamente cumprida antes da puberdade. Nesta fase, dentro de um desporto concreto, não deve haver especialização funcional por postos. Todos os alunos devem aprender: as regras fundamentais da modalidade; os valores desportivos, os hábitos de treino e de comportamento; os princípios tácticos básicos ofensivos e defensivos da modalidade (nas 3 situações básicas de atacante com bola, atacante sem bola e defesa) e as técnicas básicas necessárias ao desempenho nas situações de jogo.
-Após essa fase de iniciação em que se aproveita a fase pré-púbere surgem as grandes transformações da puberdade que criam dificuldades por um lado mas também abrem muitas potencialidades. Por um lado morfologicamente há as grandes transformações que sabemos. Daí decorre a necessidade de consolidar/aperfeiçoar/desenvolver os hábitos/técnicas motoras aprendidas anteriormente. Por outro lado a capacidade de autonomia, de responsabilidade e de pensamento abrem campos de desenvolvimento novos a explorar. (não esqueço obviamente as dificuldades, as inseguranças e os problemas que aparecem por essas alturas e que devem ser geridos com muito cuidado.)
É uma fase que eu consideraria de polivalência funcional dentro dos desportos. Dou o ex. do Basquetebol. Sabemos que os postos no ataque, pesem diferentes sistematizações, se distribuem por bases, extremos e postes. Eu penso que todos os jogadores devem passar, nos treinos e nos jogos, pela experiência de todas estas posições (através de dispositivos e formas de ataque que os permitam) de modo a perceberem as exigências e as competências de cada um destes postos. Esta forma de ver as coisas pode não dar os resultados imediatos melhores em termos de resultados dos jogos e campeonatos, mas penso ser muito melhor para a formação dos jogadores. Especializar unicamente um jogador a poste no escalão de cadetes só porque ele é o mais alto da equipa nesse momento pode estar a coartar-lhe hipóteses futuras como jogador. (Estamos no tempo dos bases grandes). Por outro lado os jogadores mais pequenos perceberão melhor as funções dos extremos e postes se passarem por lá temporariamente em treino e em jogos.
E acabaria por aqui.
Nota geral: Fazer aprender bem, com paciência, apoiando as crianças jovens, motivando-as, responsabilizando-as, aí estão algumas das chaves, como disse a Rita, da boa formação desportiva.
Uma outra grande “chave” a produzir colectivamente é a de um “currículo” (o caminho) desportivo colectivamente construído em função da caracterização dos públicos com que trabalhamos e que responda às seguintes questões:
Objectivos; fases; conteúdos; estratégias de ensino, situações de ensino e avaliações… e que sobre cada uma das opções as fundamente racionalmente.
P.S. Em Portugal nos desportos colectivos o que penso acontecer é que ou as crianças ou são muito cedo especializadas na prática de um desporto e depois dentro dele num posto específico, ou começam muito tarde perdendo fases muito importantes nessa formação.
Henrique Santos
-além da EF sempre estive ligado à formação em Basquetebol, desde o Minibasquetebol aos Cadetes, tanto no Desporto Escolar como no Federado. É pois nesse âmbito que me pronuncio, reconhecendo que noutras áreas desportos existem especificidades diferentes. Sou um autodidacta interessado pelas questões práticas e teóricas do ensino dos desportos colectivos.
1- Clarificação de conceitos. Entendo desporto infantil no sentido de desporto praticado em idades pré-púberes e desporto juvenil o praticado em jovens que passaram a puberdade.
-Falo de práticas desportivas para além da EF obrigatória e extensiva a todos os alunos. Os âmbitos dessas práticas podem ser o Desporto Escolar e posteriormente o Desporto Federado devendo ambos, nestas idades, cumprirem os mesmos princípios.
-Concordo com os autores que propõem uma fase multidesportiva antes de se entrar em qualquer especialização num desporto colectivo concreto, como o basquetebol. Dos oito aos 9/10 anos penso estar o momento dessa fase de formação multidesportiva. Não se aprenderia um desporto mas sim vários desportos de uma forma transversal, desenvolvendo os seus princípios tácticos mais básicos e gerais e desenvolvendo a motricidade de base que esses princípios tácticos e os jogos vão solicitando.
-Antes dessa fase Multidesportiva, penso que não se deveria falar de desporto mas de formação motora lúdica muito variada. (sistematizada entre os 6/7 anos).
-Precedendo a puberdade (10/11, 12 anos) penso ser o momento para passar à aprendizagem sistemática de um desporto colectivo (sem prejuízo da eventual prática complementar de outro desporto, o que se torna temporalmente difícil). É esta, na minha opinião, a fase de iniciação num desporto específico que deve estar basicamente cumprida antes da puberdade. Nesta fase, dentro de um desporto concreto, não deve haver especialização funcional por postos. Todos os alunos devem aprender: as regras fundamentais da modalidade; os valores desportivos, os hábitos de treino e de comportamento; os princípios tácticos básicos ofensivos e defensivos da modalidade (nas 3 situações básicas de atacante com bola, atacante sem bola e defesa) e as técnicas básicas necessárias ao desempenho nas situações de jogo.
-Após essa fase de iniciação em que se aproveita a fase pré-púbere surgem as grandes transformações da puberdade que criam dificuldades por um lado mas também abrem muitas potencialidades. Por um lado morfologicamente há as grandes transformações que sabemos. Daí decorre a necessidade de consolidar/aperfeiçoar/desenvolver os hábitos/técnicas motoras aprendidas anteriormente. Por outro lado a capacidade de autonomia, de responsabilidade e de pensamento abrem campos de desenvolvimento novos a explorar. (não esqueço obviamente as dificuldades, as inseguranças e os problemas que aparecem por essas alturas e que devem ser geridos com muito cuidado.)
É uma fase que eu consideraria de polivalência funcional dentro dos desportos. Dou o ex. do Basquetebol. Sabemos que os postos no ataque, pesem diferentes sistematizações, se distribuem por bases, extremos e postes. Eu penso que todos os jogadores devem passar, nos treinos e nos jogos, pela experiência de todas estas posições (através de dispositivos e formas de ataque que os permitam) de modo a perceberem as exigências e as competências de cada um destes postos. Esta forma de ver as coisas pode não dar os resultados imediatos melhores em termos de resultados dos jogos e campeonatos, mas penso ser muito melhor para a formação dos jogadores. Especializar unicamente um jogador a poste no escalão de cadetes só porque ele é o mais alto da equipa nesse momento pode estar a coartar-lhe hipóteses futuras como jogador. (Estamos no tempo dos bases grandes). Por outro lado os jogadores mais pequenos perceberão melhor as funções dos extremos e postes se passarem por lá temporariamente em treino e em jogos.
E acabaria por aqui.
Nota geral: Fazer aprender bem, com paciência, apoiando as crianças jovens, motivando-as, responsabilizando-as, aí estão algumas das chaves, como disse a Rita, da boa formação desportiva.
Uma outra grande “chave” a produzir colectivamente é a de um “currículo” (o caminho) desportivo colectivamente construído em função da caracterização dos públicos com que trabalhamos e que responda às seguintes questões:
Objectivos; fases; conteúdos; estratégias de ensino, situações de ensino e avaliações… e que sobre cada uma das opções as fundamente racionalmente.
P.S. Em Portugal nos desportos colectivos o que penso acontecer é que ou as crianças ou são muito cedo especializadas na prática de um desporto e depois dentro dele num posto específico, ou começam muito tarde perdendo fases muito importantes nessa formação.
Henrique Santos
segunda-feira, maio 23, 2005
Grupo de discussão
Com o objectivo de aprofundar um estudo de caracterização do desporto escolar/infantil envolvendo praticantes e professores/treinadores de Espanha, Portugal, França e Itália, gostaria de obter a vossa colaboração na participação de um grupo de discussão sobre desporto infantil/ desporto escolar no escalão infantil. A ideia básica é cada um de vocês apresentar de uma forma muito sucinta as vossa ideias sobre uma das questões relacionadas com a orientação da prática desportiva nestas idades e depois comentarem as perspectivas apresentadas pelos colegas. Dada a urgência na recolha de dados, atrevo-me já a atribuir os vossos nomes pelas questões. Porém se por qualquer razão não quiserem ou não puderem participar agradecia que me informassem tão prontamente quanto possível para proceder à respectiva substituição. Desde já grato pela vossa atenção.
Questões de discussão:
1- Como se resolve o dilema: dar primazia ao resultado na competição ou dar primazia à participação de todos na competição? (Mário Pereira)
2- Participação conjunta de rapazes e raparigas na competição: Em que medida é desejável? Em que medida é viável? (Cláudia Malafaya)
3- Como tratar a questão da especialização numa modalidade desportiva e especialização funcional (posto ou prova específica) nestas idades? (Henrique Santos)
4- Que benefícios estão a ser mais privilegiados como consequência da prática do desporto escolar /desporto infantil? (Miguel Pinto)
5- Que aspectos há a valorizar e a criticar na intervenção do professor /treinador de desporto escolar / desporto infantil nos treinos e nas competições? (Susana Póvoas)
6- Relativamente aos conteúdos e organização da prática, em que medida se está a treinar bem? (Ana Rita Gomes)
Amândio Graça
Questões de discussão:
1- Como se resolve o dilema: dar primazia ao resultado na competição ou dar primazia à participação de todos na competição? (Mário Pereira)
2- Participação conjunta de rapazes e raparigas na competição: Em que medida é desejável? Em que medida é viável? (Cláudia Malafaya)
3- Como tratar a questão da especialização numa modalidade desportiva e especialização funcional (posto ou prova específica) nestas idades? (Henrique Santos)
4- Que benefícios estão a ser mais privilegiados como consequência da prática do desporto escolar /desporto infantil? (Miguel Pinto)
5- Que aspectos há a valorizar e a criticar na intervenção do professor /treinador de desporto escolar / desporto infantil nos treinos e nas competições? (Susana Póvoas)
6- Relativamente aos conteúdos e organização da prática, em que medida se está a treinar bem? (Ana Rita Gomes)
Amândio Graça
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