Antes de mais gostaria de referir que a minha experiência no âmbito do desporto infantil/ desporto escolar no escalão infantil é reduzida. Tenho alguma (pouca) experiência no Desporto Escolar, e dentro deste a minha actividade é desenvolvida ao nível da Actividade Interna onde, e embora se realizem torneios, é privilegiado o carácter recreativo/lúdico e de formação. Ao nível do Clube não tenho qualquer experiência com este escalão etário.
Assim sendo, a minha opinião baseia-se naquilo que ouço, sinto e observo.
Em relação ao desporto escolar no escalão infantil, penso que a participação conjunta de rapazes e raparigas na competição é desejável e viável desde que garantidas/asseguradas algumas condições. Deverá ser assegurado, por exemplo, que todos os alunos participem nas competições, que sejam respeitados os seus desempenhos e que de forma alguma estes sejam "retirados" das competições se não obtiverem bons resultados, ..., ou seja, que fundamentalmente não seja dada excessiva ênfase à competição.
É importante que não se confundam as coisas - não estamos a tratar de desporto de competição e alto rendimento.
Penso que deveremos estar atentos a uma outra situação.
À medida que a evolução ocorre, a nível técnico e táctico, ou que a idade aumenta, poderão tornar-se mais desiguais e acentuados os níveis de desempenho pelo que se não forem tidas em conta algumas preocupações de intervenção junto dos jovens que orientamos esta participação conjunta pode tornar-se cada vez menos motivante. Associados a este aspecto, e se for dada excessiva ênfase à competição, poderão surgir conflitos de interesses, a falta de prazer, a percepção de incompetência, sentimentos negativos de auto-estima ... e o consequente abandono da prática desportiva. Não é isto que queremos!
Se se pretende que o Desporto Escolar tenha como objectivo proporcionar a todos os alunos, dentro da Escola, actividades desportivas de carácter recreativo/lúdico, de formação e/ou de orientação desportiva, que promovam a formação integral do jovem, a saúde e o bem-estar, um modelo que privilegie excessivamente a competição e o rendimento, põe em causa os seus objectivos.
A competição é importante e altamente motivante para os jovens (e não só). No entanto, penso que esta deve ser gerida "com conta, peso e medida" de forma a respeitar as características, necessidades e interesses dos jovens. Se queremos fomentar o gosto pela prática desportiva este aspecto deverá requerer uma enorme atenção, cuidado e sensibilidade por parte de quem orienta a actividade e por parte de quem toma decisões sobre o nível de importância que deve ser atribuído à competição para este escalão.
Já agora, só mais uma "coisita"...
Embora saiba que me vou afastar um pouco da questão que me foi colocada, e se me for permitido, gostaria de saber o que os outros colegas pensam sobre a participação das raparigas ao nível do desporto escolar no escalão infantil. Sei que em determinadas modalidades a adesão das raparigas é grande. Sei também que existem várias nuances, vários condicionalismos... No meu caso, e isto em tom de desabafo, a participação das raparigas é pouco significativa, quase inexistente. São poucas as raparigas que procuram e frequentam a actividade à qual estou ligada - Ténis de Mesa, e as que surgem são mais uma excepção do que a regra. Ou porque a família não valoriza e incentiva a participação das raparigas nesta actividade, ou porque esta actividade é considerada não "muito própria" para as meninas, ou, ainda, porque são elas próprias - as raparigas, que tem outros interesses e motivações.
Os rapazes, pelo contrário, frequentam-no de uma forma assídua e regular, mostram gosto e gozo.
Será que tenho aqui um problema cultural (que não é inédito) por resolver?
O que se passa exactamente com cada um de vós?
Cláudia Malafaya
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2 comentários:
Em relação à participação das meninas, quer no desporto federado, quer no escolar... Eis a minha visão optimista: existem muitas!
Trabalhei com várias modalidades colectivas no desporto escolar e trabalho com meninas no federado.
Gostam muito de treinar e jogar com rapazes.
Depende muito do grau de relação com eles e da forma de como é gerido o processo. Se for no clube, é algo natural começarem todos juntos e, depois, mesmo que se separem em escalões, gostam de jogar juntos. Se isso é evidente no voleibol de pavilhão, então na praia, ainda é mais.
Como as "coisas" são assim, nem se apercebem.
Não tenho experiência no DE, mas acredito que tudo comece nas aulas de EF... conhecer os alunos, incentivar a abertura do pensamento quer na teoria, quer na prática... educar para que sintam esse facto como sendo algo natural.
Às vezes, é bom pegarmos nas excepções - meninas daquela idade que jogam melhor do que alguns meninos - e fazê-las perceber porque é que isso aconteceu. As histórias ajudam a explicar muita coisa e a retirar uma moral. Gosto de contar a minha e outras histórias de outras atletas e/ou alunas às minhas alunas e às minhas atletas. Às vezes toca e, quando toca, o motor encarrega-se do resto.
o que eu estava procurando, obrigado
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