Relativamente ao 1º ciclo e entre as medidas anunciadas pela Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues conta-se a seguinte:
“… será alargado o horário de funcionamento das escolas do 1.º ciclo até às 17.30, permitindo aos alunos beneficiar de actividades extracurriculares como o estudo acompanhado, o inglês ou o desporto escolar. Trata-se de tirar pleno partido dos recursos humanos e das infra-estruturas disponíveis na rede de escolas públicas, proporcionando melhores condições de integração dos alunos. Esta acção será implementada em colaboração com as autarquias, a quem compete a gestão não curricular das escolas do 1.º ciclo, em articulação com os pais. Na verdade, existem já autarquias em que as escolas do 1.º ciclo funcionam com horário alargado, proporcionando as referidas actividades extracurriculares. Esta boa prática deverá, portanto, ser generalizada.”
In http://www.sepleu.pt/index2.htm
Ao ler esta medida surgiram-me uma série de questões. Não conheço o que se passa na generalidade das escolas do 1º ciclo mas do pouco que conheço a Educação Física é praticamente inexistente.
Fará sentido implementar o Desporto Escolar quando as crianças não têm uma prática regular e sistemática de Educação Física?
Que actividades extracurriculares são, presentemente, proporcionadas pelas autarquias aos alunos do 1º ciclo?
Que recursos humanos existem nas autarquias do nosso país que garantam uma correcta e adequada intervenção, ao nível do Desporto Escolar, junto das crianças do 1º ciclo? São profissionais com formação a este nível?
Muitas outras questões poderiam ser colocadas…
Será que me podem ajudar a conhecer o que de facto se passa nas nossas escolas do 1º ciclo?
7 comentários:
As questões colocadas pela Cláudia são pertinentes. No meu imaginário há no 1º ciclo uma espécie de baldio desportivo-motor. É uma representação que nasce da minha experiência pessoal, dos contactos que estabeleci enquanto coordenador de uma equipa de trabalho que pretendia levar a EF às escolas do 1º CEB num concelho recém-nascido e dos encontros que tenho mantido regularmente com colegas desse ciclo no âmbito de uma pós-graduação. Tal como a Cláudia, considero que a EF no 1ºCEB é incipiente. As questões que ela colocou remetem-nos para o diagnóstico da situação e relevam um problema conceptual: “Fará sentido implementar o Desporto Escolar quando as crianças não têm uma prática regular e sistemática de Educação Física?” Como se verifica, através das palavras da ministra, as actividades extra-curriculares [extra-lectivas] reforçam a função de custódia da escola: Manter as crianças na escola, ocupadas, até que os pais regressem do trabalho é a preocupação central das medidas anunciadas. Não percebi qualquer intenção em suscitar alterações estruturais neste ciclo de ensino. Refiro-me concretamente à alteração do regime de monodocência para o regime de pluridocência e por via disso a resolução do problema da EF. E resolvendo o problema da EF resolveríamos o problema do DE. Ou não?
Não sei como foi entendido o meu primeiro comentário, mas quero dizer de forma inequívoca que, a meu ver, a educação física no 1º ciclo, não obstante a sua especificidade ao nível dos conteúdos ser diferente dos restantes ciclos, deve ser ministrada por um professor de EF.
A questão é saber com que carga horária semanal.
Muito interessante este diálogo!
Para mim o desporto no primeiro ciclo deve ser balizado em cinco vectores que correspondem à aprendizagem do capital motor das seguintes modalidades:
1 - Natação
2 - Ginástica
3 - Atletismo
4 - Jogos Tradicionais
5 - Danças Folclóricas
a começar o mais depressa possível pelos últimos + a natação.
Motivos:
A - Efectuar a aquisição de uma cultura motora de base que prepara para a vida "civil" e para a vida desportiva.
B - Fornecer um padrão nacional ao nível da expressão da motricidade e respectiva cultura desportiva.
Por outro Lado, os professores de educação física devem envolver-se numa luta, que é política, mas que é necessária:Conquistar nas suas cidades o direito que as crianças têm ao espaço e ao Tempo. Eu explico:
1 - Direito ao tempo livre para brincar - 8 horas na escola não é vida!
2 - Direito ao espaço - Direito à cidade:
a) libertar os passeios dos automóveis
b) libertar as praças públicas da ditadura das esplanadas
c) libertar os espaços verdes das más frequência , do lixo e dos cócós dos cães.
d) utilização dos parques de estacionamento vagos, junto das zonas residenciais como locais de brincadeira.
As ideias são de Francesco Tonnucci. Vêm no Livro " La Cittá del Bambini" que tem tradução espanhola - La Ciudad de Los Niños. Leiam e Letem, porque esta Educação Física das fábricas da revolução industrial já acabou. Veja-se o que se passa em França nas Ruas de Paris!
cumprimentos a todos e discutam! Tornem este Blogg Interessante e vivo
Polémica é preciso!
ZMrrzs
Faltou-me escrever algumas coisas:
1 -As crianças devem ir e vir para a escola a pé e em grupo.
A Cidade deve conhecer a cara às crianças.
2 - A criança tem direito à cidade. Os poderes públicos devem chamar os jovens de bairro a opinarem sobre as intervenções urbanas - Os parques infantis, são cada vez mais soluções gastas e perigosas - autenticas gaiolas de macacos onde as mães cansadas penduram os filhos.
3 - É preciso reconquistar a praça pública também para as crianças
ZMrrzs
Cara Cláudia:
Devo começar por dizer que a Autarquia onde trabalho começou um programa de Educação Física no 1º CEB recentemente e já no decorrer do ano lectivo. Sou um dos dois professores responsáveis por este projecto e somos ambos Licenciados em Educação Física.
Da curta experiência que tenho posso dizer que este projecto é de uma hora e meia por semana para cada turma do 1º CEB, o que é manifestamente insuficiente, mas inquestionavelmente melhor que nada.
Discordo plenamente com o conceito de Desporto Escolar nesta fase, onde considero que é fundamental centrarmo-nos no desenvolvimento dos aspectos Fisícos e cognitivos da criança e não na aprendizagem de aspectos técnico-tácticos de cada modalidade. Considero que se deve ver o processo educativo como uma construção sequêncial. Não se pode, e permitam-me citar Henrique Santos,"construir telhados antes das fundações".
Para terminar, e perdoem-me a minha inexperiência pois sou recém licenciado e ainda sei muito pouco da realidade Educativa, deixem-me dizer-vos que considero a Educação´Física nesta fase do ensino fundamental no desenvolvimento, não só de hábitos de prática de actividade física, como também de desenvolvimento de capacidades mentais. Não é por acaso que em Espanha os professores de Educação Física do 1º Ciclo são seleccionados e considerados "expert's" da Educação Física. Infelizmente poucas são as escolas que usufruem deste tipo de programas, e menos ainda as que t~em profissionais qualificados para o ensino da EF.
José Pestana
Torre de Moncorvo.
Caro colega:
Desenvolvo na minha autarquia, com um colega meu um trabalho de certo igual ao vosso em Torre de Moncorvo.Alem das aulas de Educação Física ( 30 turmas 1º ciclo + 12 pre-escolar, temos ainda 2 colegas que leccionam natação a todas as turmas do 1º ciclo ). Com todas estas alterações vejo todo este trabalho, ja com 5 anos de existência, com grandes probabilidades de ruir, ou de pelo menos deixar de ter a qualidade reconhecida por todos os encarregados de educação e professores das respectivas turmas.
Por outro lado dizem-me que com estas novas alterações só pode melhorar, alguém me explique como?
um abraço
Carlos Filipe
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