tag:blogger.com,1999:blog-13445591.post111833579977714035..comments2023-03-24T17:49:53.668+00:00Comments on Desporto Infantil: Organização da competiçãoCláudia Malafayahttp://www.blogger.com/profile/13665529688905096855noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-13445591.post-1118337599916408882005-06-09T18:19:00.000+01:002005-06-09T18:19:00.000+01:00A questão colocada relativamente à questão da part...A questão colocada relativamente à questão da participação das crs/jovens na competição tem muito que se lhe diga...<BR/>Agradeço à Cláudia o comentário à minha intervenção. Se é um facto que pretendo sempre transmitir muito entusiasmo, optimismo, convicção e sentido de responsabilidade, é por esse mesmo motivo que para o ano não vou trabalhar no desporto infanto-juvenil federado. <BR/>As crs/jovens precisam de sentir esse entusiasmo, optimismo, convicção e sentido de responsabilidade. Nos últimos anos tem sido muito difícil, para mim, conseguir transpirar isso de forma espontânea. <BR/>Tenho feito um grande esforço - porque vivo intensamente o treino, a competição, as relações interpessoais, a formação de pessoas e atletas - para conseguir manter prazer, optimismo e competência naquilo que faço. <BR/>Sou treinadora há 10 anos e sempre trabalhei com escalões de formação. Mesmo no ano que estive com uma equipa sénior, não perdi o vínculo à formação. Estou sempre com o minivoleibol e com um outro escalão de formação. Só este facto, exige um empenho e uma dedicação redobrados.<BR/>A experiência vai-nos ajudando a perceber que, muitas das vezes, aquilo que era convicção passa rapidamente a descrédito. Apesar de existirem princípios que nunca deixarão de ser válidos para o treino (incluo no treino a competição) de crs/jovens, há muitos outros que poderão variar de acordo com o contexto e a pessoa.<BR/>Em relação ao tempo à participação na competição, cheguei, no minivoleibol, a ter que formar 3 equipas para competir. Após o regional, só uma poderia passar ao nacional, as outras ficariam noutra competição. Nunca concordei muito com este sistema de competição neste escalão, mas tinha que optar quem iria jogar um ou outro torneio. Todas jogavam, mas no nacional havia equilíbrio na competição, sentia que as atletas sentiam gozo. No outro torneio não, as atletas não sentiam prazer na vitória porque era muito fácil e não as podia deixar jogar no outro porque só 8 (das 30 atletas que tinha) podiam participar no nacional e não podia haver trocas. Este facto era contornável com alguns torneios que organizava no pavilhão e na praia e as coisas foram andando. Mas ficam sempre frustrações e prejuízos na formação porque algumas foram privadas de uma estimulação provavelmente importante para o seu desenvolvimento.<BR/>Após o minivoleibol, nos dois anos seguintes - infantis e iniciados - o regulamento exige que, pelo menos 10 atletas (das 12 convocadas) joguem. Este aspecto, faz com que todas as atletas consigam ter um tempo de jogo razoável. Com 16 atletas (ou mais, como eu costumo ter - das 30 há uma selecção... e as outras? Quantas se perdem já aqui?) não é fácil gerir, mas cheguei com as 16 ao escalão de juvenis (ou cadetes), 4 das quais ainda com idade de iniciadas.<BR/>Nestes escalões, no DE, também não é fácil dar muito tempo de jogo porque os jogos não são tantos quanto isso e se se não se ficar apurado, a competição termina. Com 30 alunas a participar no DE, só 12 de cada vez podem ir jogar fora (é do regulamento e não há dinheiro para mais transporte e alimentação). Mesmo trocando as atletas, sobra pouco tempo de jogo para cada uma. Isto resolve-se fazendo torneio intra e inter-escola. Resulta, é fantástico ver e sentir o prazer das crianças, envolvê-las neste meio fantástico que é o desporto (seja qual for a posição que ocupa), mas nem sempre há energia para o fazer. Nem sempre reina esse tal entusiasmo, o optimismo, a convicção e o sentido de responsabilidade... é muito, muito trabalho (com prazer, é verdade, mas muito exigente e desgastante).<BR/>Em juvenis, no federado, tudo muda. Já se podem fazer substituições, jogam 6 efectivas e não é obrigatório jogar 10, etc. Nós, treinadores, repartimos o tempo de jogo de forma diferenciada pelas várias atletas, tendo em conta inúmeros factores relativos às atletas, equipa e clube. São inúmeras as variáveis que pesam neste processo. Há que ter sensibilidade para as gerir, sentir e expor. <BR/>Logo de início, gosto de envolver os pais no processo, faço muitas reuniões, procuro esclarecer muitos aspectos relativos à formação pessoal e desportiva da filha. É interessante cruzar os objectivos do pai, da mãe, da filha, da treinadora e do clube. São 16 atletas, é só fazer as contas. De facto, são inúmeros os objectivos e, apesar de às vezes ser possível arranjar um consenso, são sempre muitas variáveis para uma só pessoa conseguir gerir. Teria que ser uma profissão a tempo inteiro e com partilha de funções.<BR/>Uma outra experiência que tive - criação de uma escola de voleibol de praia - mostrou-me que afinal parece ser fácil trabalhar no desporto juvenil. Todos participavam, a jogar e a arbitrar, não havia restrição de horários escolares, não havia eliminatórias de uma competição para a outra. E aprenderam muito enquanto pessoas e atletas.<BR/>Neste momento, este projecto está em "banho-maria" porque a federação pretende formar uma selecção de sub-17 em voleibol de praia na qual estou envolvida. Em vez de 40 atletas, estão 5 (todas formadas nessa escola)... em vez de treinarem e jogarem diariamente, vão ter uma ou outra concentração em dois fins-de-semana e participarão numa só competição... <BR/>Afinal não é só o optimismo que me caracteriza...tenho consciência que ainda há muita pedra a quebrar no que diz respeito ao treino de jovens.<BR/>É verdade que, às vezes, sinto que podia dar muito mais às atletas e que me escapam aspectos que poderão acabar por afectar o desenvolvimento harmonioso das atletas. Mas, o retorno que obtenho - quer das atletas (pessoal e desportivamente), quer das pessoas que estão directamente envolvidas com o meu trabalho - tem sido muito bom e faz-me crer que vale a pena continuar a investir num conhecimento cada vez mais abrangente e profundo nesta área.<BR/>Estou cansada, é verdade... Em tão poucos anos, desgastei-me imenso. Preciso de parar e aproveitar para olhar e apreciar esta maravilha (desporto infanto-juvenil) do lado de fora.<BR/>Quando o entusiasmo, o optimismo, a convicção e o sentido de responsabilidade regressarem de forma intensa e espontânea (como a de uma criança a brincar), voltarei, com certeza, ao meu lugar - no treino de crs/jovens.<BR/>Um grande abraço.<BR/>Ana Rita GomesAnonymousnoreply@blogger.com